De olho no mundo

CACIQUE ANDRÉ SATERÉ DA COMUNIDADE WAIKIRU

Em nossa busca pelo conhecimento e possibilidade de aprender com outras culturas, conversamos com o Cacique André Sateré que compartilhou conosco um pouco do cotidiano e valores da comunidade Waikiru. 

O Cacique André Sateré, é líder na comunidade Waikiru, situada na área rural de Manaus. A reserva ocupa 3 municípios, Parintins, Parreirinha e Maués. 

A comunidade é nova na região, houve a migração há nove anos e é composta por 20 famílias, em torno de 105 pessoas, que preservam sua cultura, danças, costumes e crenças. O artesanato tem sido uma fonte de renda para a comunidade. 

 

 

Amazonia Vital – Qual seu papel na comunidade? 

André Sateré – Eu sou o Tuisa, na lígua Sataré Mawé, é o líder, é o cacique, como muitos conhecem. E sou responsável por cuidar dos benefícios que vem para a comunidade, assim como de toda população que vive aqui.

Existe uma grande responsabilidade em buscar a sustentabilidade, de buscar uma forma de vida melhor para que as famílias se sustentem, e a cada dia buscamos novas oportunidades para cada um. Meu papel como líder é de cuidar e servir o povo da nossa aldeia. 

 

Amazonia Vital – Quais os valores da comunidade? 

André Sateré – Um dos principais valores da comunidade é cuidar e garantir os direitos da população indígena que vive na aldeia Waikiru. Isso inclui a segurança, saúde, educação, preservação da cultura, que é um dos nossos valores mais importantese também o respeito um ao outro. Cada um respeitando o espaço de cada parente, de cada indígena que mora aqui na comunidade. Nesses valores inclui cuidar uns dos outros, isso é muito importante. 

 

Amazonia Vital – Quais as crenças sobre espiritualidade? 

André Sateré – O povo sateré Ma, desde a fundação dos tempos como diziam os antepassados, sempre teve um Deus poderoso, que na língua significa Tupana, e da geração passada até essa geração eles tem preservado esse lado da espiritualidade, que é adorar o deus criador, o deus que criou todas as coisas. 

Dentro das aldeias tem a igreja indígena, pois temos a nossa própria religião, nossa própria denominação, e com a nossa cultura, nossa língua, nossos costumes, podemos adorar esse Deus criador de todas as coisas com tudo que ele nos tem feito. 

 

Amazonia Vital – Como vocês lidam com seus medos, inseguranças e dúvidas? 

André Sateré – Medo.. é uma coisa talvez comum, pois todos nós temos medo de alguma coisa. Mas conviver com o medo já se torna um aprisionamento espiritual, e nós buscamos não viver nesse aprisionamento, justamente se apegando naquilo que nos traz paz e felicidade, e a parte espiritual, que é o momento em que temos comunhão, estamos juntos dividindo uma refeição, tomando o sapó juntos, que é o guaraná, um abrindo o coração para o outro... isso nos  liberdade e nos permite vencer o medo a cada dia.  

 

Amazonia Vital – Há casos de depressão na comunidade? 

André Sateré – Dentro da nossa aldeia, até mesmo nas viagens que a gente sempre faz para nossa reserva, a gente nunca encontrou essa doença, que é a depressão, chegamos a conhecer a depressão aqui na cidade, então tem muita ligação, eu acredito, não sei se estou certo, é uma opinião minha em relação a depressão. É uma coisa muito de cidade, de capital, já visitamos muitos outros povos, além do Sate Mawé, e ainda não encontrei alguém com sintomas da depressão. Não posso afirmar para vocês que não existe entre a população indígena, mas em relação a comunidade Sate Mawé não temos. 

 

Amazonia Vital – Qual é o papel do homem e da mulher na comunidade? 

André Sateré –  O papel do homem e da mulher na aldeia, culturalmente falando, antigamente o povo indígena era muito machista, a mulher não se envolvia muito nas decisões políticas da comunidade, a mulher era para cuidar dos filhos, da comida, plantar na roça. O Homem era de caçar, pescar, derrubar as árvores grandes para plantar, e fazer a parte mais pesada. Isso alguns anos atrás acontecia muito, e acontece ainda dentro de algumas comunidades dentro das aldeias, mas, especialmente aqui na aldeia Waikiru, nós buscamos trabalhar a igualdade

A mulher tem o mesmo direito que o homem, assim como o homem tem o mesmo direito e os deveres que a mulher. Então, não temos problema se a mulher vai ser uma liderança aqui dentro da aldeia, ou se a mulher vai ser a líder do trabalho da comunidade. Nós olhamos uns pelos outros com a igualdade. Então, não há esse preconceito em relação a mulher. Olhamos que somos iguais. E isso nos traz harmonia em relação ao trabalho e nos ajuda também, a mulher tem como pensar melhor, observar melhor, e por muitas vezes é auxiliadora perfeita para que o homem não faça também errado. Então temos essa vivência de igualdade dentro da aldeia Waikiru em relação as mulheres. 

 

 

O artesanato é uma das fontes de renda da comunidade Waikiru. Abaixo compartilhamos o contato para aqueles que desejarem conhecer mais sobre a arte e cultura desse povo! 

 

 

André Sateré – 55 –92 -84308701 

Por Kelly Souza 

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